sexta-feira, 29 de junho de 2012

DOÇURA OU DIABRURA CI

Está quase a terminar mais uma semana do nosso calendário e com ela vamos dizer adeus a São Pedro que tantas partidas nos tem feito este ano.Para o ano os Santos Populares vão voltar, este ano pouco ou nada, dei por eles, até as sardinhas já não são o que eram.





Há tempos falava de amor
quando o ego me reconhecia o direito de exigir que alguém me pertencesse
e eu me desse
exausta crisálida
sou agora borboleta de luz e sombra onde me perco
sem remorsos
e o amor flutua
fina camada de ozono no céu da memória

Armando Taborda (SonhoGrafias-Universitária Editora)

PARA TODOS UM FIM DE SEMANA CHEIO DE LUZ E MUITAS CORES!
BEIJINHOS EMBRULHADOS EM PAPEL COM AS CORES DO ARCO ÍRIS!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

FADO VADIO


A perspetiva de ir jantar e passar o serão com um grupo de pessoas gentis, bem-dispostas, generosas na sua camaradagem, deu-me um certo bem-estar, traduzido por uma agitação semelhante à que sentia quando era uma jovem adulta.
Ia ser e foi um serão diferente, muito mesmo!
Por uma viela engalanada, fazendo lembrar a aproximação da época dos Santos Populares cheguei junto do lugar previamente marcado. Em poucos minutos, o grupo foi-se compondo, trocaram-se efusivas saudações e rapidamente chegou o momento de entrarmos.
No primeiro andar esperava-nos uma sala preparada para nos deliciar, servindo um jantar e presenteando-nos com um espetáculo que não era surpresa, conhecíamos o “programa”!
Estávamos ali para ouvir cantar Fado, Fado vadio, boémio, cantado principalmente por homens e mulheres que, generosamente, exprimem emoções sem fins comerciais, fazendo-o apenas por amor ao Fado.
Servido o caldo verde e o bacalhau, regado com um vinho tinto encorpado, começou o espetáculo.
O apresentador vestido a preceito, sapatos reluzentes, e um certo ar castiço, difícil de descrever, iniciou a sua função falando um pouco sobre o que ia “acontecer” e mostrando também os seus dotes de fadista.
Seguiu-lhe uma longa lista de fadistas amadores, com vários níveis de talento, com desejos sinceros de exprimir, de evocar e de partilhar emoções. Versos simples, melodias e letras tristes, sobre o mar, o amor, o ciúme, … a fatalidade da resignação e a melancolia.
A Maria Severa, o conde de Vimioso e a Amália foram evocados.
A “grande poesia” esteve ausente! Mas ouviu-se o Fado cantado pelo povo e para o povo, um Fado genuíno e ingénuo, embora eu não saiba descrever o que é o Fado!

Amália cantava:

“Perguntaste-me outro dia/ se eu sabia o que era o Fado/ eu disse que não sabia/ tu ficaste admirado/ (…)/ Amor, ciúme, cinzas e lume, dor e pecado/ tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é Fado (…)”

“O Fado nasceu um dia/quando o vento mal bulia/e o céu o mar prolongava/na amurada de um veleiro/ no peito de um marinheiro/ que, estando triste, cantava (…) (José Régio)

Eu apenas sei que o Fado descreve Portugal e os portugueses.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

DOÇURA OU DIABRURA C

Voltei a folhear os meus livros de poesia…há largos meses que não relia José Agostinho Baptista, o poema que hoje transcrevo e que já conhecia, tocou-me como se o lesse pela primeira vez, partilho-o convosco.
 

REGRESSÃO

Acendi a gardénia, o lótus, a violeta,
procurei o cedro do oriente e a dama da noite,
mas não conheci a sua beleza terrível,
o seu amor.
Bebi os chás do mundo,
malva, alecrim, alfazema e camomila.
Tinha muita sede.
Invoquei estranhos poderes, cálices sagrados,
magias.
Esperei.
Viajei em naves de ouro a caminho da lua e
sentei-me nos seus alpendres,
voltado para baixo,
para as muralhas de vidro de uma solidão sem
tréguas
E aí,
quando todas as portas se fechavam sem ruído
sobre o próprio coração,
vi a minha vida que passava ao longe,
como um albatroz a caminho do mar.
QUATRO LUAS de José Agostinho Baptista (Assírio&Alvim)

PARA TODOS UM FIM DE SEMANA COM CALOR HUMANO QB.
APROVEITEM OS DIAS AO SEGUNDO!
BEIJINHOS EMBRULHADOS PARA TODOS!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

BONITO

Há mais ou menos um mês, sei o dia exato mas não preciso de revelar tudo, conheci-o! Não me apaixonei, nem estou apaixonada, mas gosto dele, não é muito bonito mas é bonito, é elegante, meigo e paciente. Nem calculam quão paciente é para me aturar!
“Hoje” conheço-o melhor, visitei-o, como quem não quer “nada com ele”, na quinta onde vive e passámos a encontrar-nos com alguma regularidade. Percebo que também gosta de mim, aliás é “um pinga amor”, gosta de toda a gente… finjo que não sei, caso contrário era divórcio certo, embora ainda não nos tenhamos casado.

Parem de idealizar mais histórias…o Bonito é um cavalo e eu decidi frequentar uma escola de equitação!
Ainda não monto em sela e apenas faço volteio.
Montá-lo é um momento hilariante… A minha instrutora, quer que o faça como “deve ser” sem usar “escadote” ou instrumento semelhante, logo dobro a perna esquerda, ela dá-me um impulso, eu impulsiono-me e fico literalmente atravessada sobre o Bonito, como se fosse uma princesa de contos de fada a ser raptada por um príncipe, neste caso invisível (o Bonito até é quase branco). Nesta posição de saco de batatas, rodo sobre ele fico em posição de prancha e só então ergo o tronco e deixo cair as pernas, uma para cada lado, evidentemente.

Moral da história: Nunca tinha montado um cavalo, nem sequer um burro, era um dos meus sonhos por realizar…logo nunca podia passar de cavalo para burro, agora já posso… ( e aqui paro de escrever para não falar de política)

domingo, 17 de junho de 2012

TURBILHÃO


A minha mente fervilha! O meu coração sente e fraqueja! A força anímica que me tem acompanhado ao longo de toda a caminhada pelas estradas, vielas e becos da minha vida, abandona-me mais vezes do que eu alguma vez sonhei! O barco que conduz o meu destino adornou. Sou uma viajante cansada, cansada de lutar contra correntes, marés, vendavais,…
Um turbilhão de afetos faz-me dançar ao som de uma cacofonia sem nexo.
Aguardo que alguém desligue o gramofone!