quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O CASINO

Encontro-me durante esta semana afastada dos meus lugares habituais, “vim a banhos” como um Amigo me disse. Contrariamente ao que ele possa dizer, não penso tomar banho no mar, embora passeie na praia. Vim para descansar, ler, pensar, passear, elaborar projectos, … não exactamente pela ordem descrita.
Encontro-me perto de um casino e como na 2ªfeira tive a visita (in)esperada do meu filho fomos “visitá-lo” à noite.
Como todos sabem, um casino é um local onde se pode jogar a dinheiro, nas slot machines, na roleta, no blackjack e outros jogos de fortuna e azar. Mas será que todos sabem que o cálculo de probabilidades de ganhos nos demonstra que o mais favorecido é o próprio casino.

Estive pela primeira vez junto de uma roleta, parece impossível? É verdade! Não fui lá para jogar, fui para observar…
É impressionante ver o rosto de quem leva o jogar a sério, os jogadores compulsivos. Caras fechadas reveladoras de grande sofrimento, movimentos desajeitados, direi que hesitantes...Um homem “saltou-me” à vista, “corria” de uma mesa para a outra em alternância, de modo que quando uma roleta parava, ele já estava a jogar na outra, não parava e era ver as mãos dele trementes colocando as fixas.
Recordei-me nesse momento das “24 Horas da Vida de uma Mulher”*de Stefan Zweig, nele li a descrição pormenorizada de um jogador, observado pelos olhos de uma mulher, e do afloramento de temas como a obsessão, a compulsão e a impulsão que acabaram por atirar com essa mulher para um acto repentino de paixão
Em “O Jogador” de Fiódor Dostoiévski também podemos encontrar o homem jogador compulsivo. A história acaba com a principal personagem num enorme conflito, não saber se deve gastar o dinheiro, dado por um amigo, para ir para junto da mulher que ama, e que se encontra afastada na Suíça, ou se o deve gastar na roleta.

Observei gente colada às slot machines sem as largavam nem para comer, comiam mesmo ali. Levavam as sandes e as bebidas à boca, maquinalmente com uma mão, e com a outra iam carregando no botão da infernal maquineta ou puxando uma alavanca, em movimentos bruscos, sem darem um pouco de atenção que fosse, ao que estavam a ingerir. O acender de cigarro atrás de cigarro, era totalmente mecanizado.

O que leva homens e mulheres a ficarem completamente hipnotizados por não sei bem o quê? Penso que jogam mais pela acção de jogar do que pela hipótese de ganhar, essa acção traduzida pela busca incessante de apostas e riscos cada vez maiores que continuem a provocar a excitação desejada.

Então porque revelam rostos tão tristes, tão macilentos, tão sem vida, tão apagados?

*O livro é pequenino, um conto, que se lê num repente... não dá para parar! Vale bem o pouco tempo que se “gasta” a lê-lo, digo eu…

34 comentários:

  1. Então, mas afinal ganhas-te alguma coisa? Nem sequer puseste uma moedinha nas tais máquinas? Nem foste ao Bingo? Há bem pouco tempo foi ao Casino Estoril e tive a mesma "visão" que tu! Junto á roleta estava um chinoca (?) que ali em segundos perdeu mais de 200 euros... Também não entendo o motivo. Há quem seja viciado... Eu pus 5 euros numa máquina e, não me perguntes como, ganhei 23! Fui-me logo embora! (Contento-me com pouco! Eh, eh, eh!) Beijinhos jogados!

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  2. Deve ser um vício terrível; recordo-me das pessoas que são elas próprias a solicitar a interdição de permanecer nos casinos ás autoridades - é nem sequer ter coragem de enfrentar a realidade, é pedir a alguém que o faça por nós...
    Beijinho.

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  3. Querida Ana Rita estás a ver a tua mãe a jogar? Eu que com as cartas apenas faço paciências? Com Não quero dizer que sou diferente dos outros, mas tudo o que possa viciar, negativamente, eu não quero sequer experimentar...
    Beijinhos embrulhados para ti (com um bocadinho de saudade e alguma preocupação para contigo e com os doentes)

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  4. Querido Pinguim e custou-me um pouco ver a "degradação" na fácies e na postura corporal de alguns dos jogadores (muitas mulheres também)
    Benjinhos embrulhados para ti!

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  5. os jogadores não conseguem distinguir o jogo saudável da obcessão e depois enterram-me em dívidas até aos olhos, e pior, enterram as famílias com eles...

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  6. Querida Chapéu de Sol penso que a obsessão, a compulsão pelo jogo, se pode considerar uma doença, é necessário que sejam tratados mas que antes se disponham a isso. Como diz e bem, eles arruinam-se física e emocionalmente e destroem, muitas vezes, a própria família...
    Beijinhos embrulhados para si!

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  7. Querida Maria Teresa

    Em tempos idos quando ia ao casino Estoril ver um qualquer espectáculo, especialmente no WonderBar, era frequente jogar nas slots já nem sei quanto, talvez 2$50 ou cinco escudos... por vezes dava para pagar a entrada no espectáculo... mas nunca passava daí... era mais um ritual... haha

    De resto... jogar só a prendas (uma gracinha!!!!).

    Beijinhos.

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  8. Querida Olhos Dourados eu já entrei em vários casinos, até fora do nosso país, mas para assistir a espectáculos, porque há casinos que apresentam belíssimos espectáculos. Neste de que falo no texto, já vi um "Bailado Russo". No local de jogo é que não, nunca tinha entrado, nunca me atraiu. Há pessoas que vão até lá, jogam, divertem-se e não passa de uma brincadeira, de um divertimento pontual.
    Beijinhos embrulhados para si!

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  9. Querido Vicktor, quantas vezes fui ao Casino Estoril! Ainda não passou um ano em que fui lá jantar e ver um espectáculo.
    Eu julgo que afirmei que não jogo, mas não é totalmente verdade, na noite de Consoada, num passado não muito distante, jogávamos ao loto e a dinheiro...as "apostas" (preço dos cartões) eram muito baixas, mesmo assim, o meu pai desistia rapidamente, era um sovina... (era um querido!)
    Beijinhos embrulhados para si!

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  10. Desde há uns tempos que ando com vontade de jogar num casino uma vez. Mas vou adiando e não sei se será para breve:P Para observar apenas, também já fui algumas vezes:P*

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  11. Querida Adek e gostou do que viu? Como já escrevi, até se pode "brincar" um pouco com o jogar... mas ficarmos viciados é muito preocupante.
    Beijinhos embrulhados para si!

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  12. Eu por acaso gosto bastante de ir a casinos.
    O último foi o da Figueira da Foz.
    Gosto de jogar mas nunca mais que 10 euritos...
    E já é juito ;)
    Bjinho

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  13. Felizmente em Portugal já existe gente que estuda o problema da compulsão do jogo.

    Foi criado um portal magnifico a nível de conteúdos e design. Vale a pena visitar e será muito útil para quem tenha problemas de jogo.

    www.jogoresponsavel.pt

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  14. Querido Marquês e isso é perfeitamente aceitável, fá-lo com entretenimento, como brincadeira, aliás eu não condeno quem joga, nem tenho que condenar, cada um faz o que entender, mas impressionei-me com o modo de estar de alguns jogadores (bastantes mulheres), pareciam hipnotizados...
    Beijinhos embrulhados para si!

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  15. Querido Anónimo obrigada pela dica, fica registada.
    Beijinhos embrulhados para si!

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  16. Hum... quando vou a casinos - raríssimo - fico chocada com o vício...

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  17. Cara Maria Teresa,

    Uma bela descrição do que é o jogo. Podia ser um desporto ocasional, para experimentar a sorte, para um pouco de adrenalina. Mas essas pessoas que descreve não o fazem por prazer mas por masoquismo a semear dor que no fim deve ser insuportável. Alguns acabam por se desfazer de tudo o que possuem e até da própria vida.
    Há alguns meses, ouvi o administrador do Casino do Estoril dizer, com muita franqueza e lealdade, talvez mais do seria de esperar das suas funções, que ninguém deve jogar para ficar rico, porque quem ganha com o jogo é o casino.
    Mas ambição e a falta de preparação para a vida e de jeito para as contas levam muita gente à dependência do jogo e arriscam tudo... uma loucura.

    Parabéns por este belo texto que devoa ser lido por muita gente jovem.

    Abraço
    A. João Soares

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  18. É impressionante o espectáculo dentro de uma sala de jogo, na verdade. Há tempos escrevi uma reportagem sobre o assunto, que me obrigou a reflectir bastante sobre o significado daqueles rostos. Tenho a impressão que amaioria revela uma enorme ganância e talvez seja isso que os leva a perder.
    A primeira vez que joguei na roleta foi em Macau, durante o Ano novo Chinês. Ia descontraído e dispoto a perder uma determinada quantia. Sái de lá com quase 10 vezes mais do que pensara gastar. Disseram-me que era a sorte dos iniciantes e por isso só voltei a tentar no ano seguinte. Curiosamente voltei a ganhar. No terceiro ano perdi. Nunca mais voltei a jogar.

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  19. Querida S* do modo como se vê pode assustar sim!
    Beijinhos embrulhados para si!

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  20. Querido A. João espero que vários jovens leiam este seu testemunho.
    Obrigada por me vir visitar, volte sempre será bem vindo!
    Beijinhos embrulhados para si!

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  21. Querido Carlos, excelente comentário a enriquecer o meu post. Obrigada!
    Beijinhos embrulhados para si!

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  22. Excelente...Também li o Jogador, conheci jogadores, joguei por prazer (excepto roleta) e vi gente que não sabe parar, seja no casino seja fora dele. É triste. Só há duas pessoas que ganham nos casino: O próprio casino e o estado, claro. E perde-se sempre, mesmo que não seja dinheiro...
    Bjs

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  23. Querido Tio obrigada pelo seu testemunho, mais uma excelente achega para o meu post.
    Beijinhos embrulhados para si!

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  24. Já fui a um casino, foram os 10 euros que perdi mais rapidamente! Não voltei, pois não foi minimamente entusiasmante...prefiro um jogo com amigos, de tabuleiro ou de cartas, apenas para a diversão e desafio! É muito mais saudável...

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  25. Tudo o que seja "vicio" há que evitar... só umas duas vezes entrei num casino e experimentei jogar foi mera curiosidade.
    Bjs

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  26. Querida Anira como vê a sua experiência foi muito diferente das que observei nalgumas pessoas qu estavam no casino...
    Podemos devertir-nos sem nos deixarmos viciar.
    Beijinhos embrulhados para si!

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  27. Querida Lilá(s) já teve a sua experiência, há que contá-la na altura própria aos adolescentes da família.
    Beijinhos embrulhados para si!

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  28. Aqui há uns anos insisti com o companheiro com quem vivia que queria ir a um casino, onde nunca fora... e ele disse-me "olha que isto não é Las Vegas... eu conheço-te, não vais gostar!"...mas fomos... jurei que nunca mais punha os pés num Casino(para a sala de jogo, pois os espectáculos são outra coisa). O ambiente pesado e deprimente incomodou-me de tal forma que nunca mais esqueci os momentos passados. Todos os vícios são iguais... e para quem sabe, que vivi um de perto... sabe também que das consequências terríveis para terceiros, e este vício do jogo em particular não é diferente dos outros!! Beijinhos

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  29. As salas de jogos dos casinos são sítios de "outro mundo". Lembro-me que uma vez estava a ensaiar dança numa sala do casino e essa sala estava virada para a porta da sala de jogos. Quando chegou a hora para as pessoas entrarem para a sala de jogos era vê-las a correr feitas maluquinhas! Eu cá não consigo entender... e acho que nem quero.

    Beijinhos **

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  30. Olá Teresa!

    Muito obrigada pelos seu comentários, o "rato" ainda ando atrás dele...e quanto ao Quiz...fui respondendo a 1ª e depois curiosidade feminina é o que dá...até ao fim.

    Excelente o que publicou, li e adorei " O Jogador". Confesso que gosto muito de jogar até porque tive na familia alguns jogadores e julgo que por isso mesmo tenho o "bichinho" enraizado

    E para não cair em tentação,quando raramente vou levo um valor irrisório para jogar, pois sei de antemão que vou perder e como não gosto de perder não jogo,sim porque inclusivé o meu avô materno "comeu" uma carta para não perder um jogo! e "Quem sai ao seus..."

    Para vivermos em "sofrimento" já nos chega o que ouvimos e lemos diariamente!

    No entanto não deixo de dizer que quando voltar ao Casino experimente jogar Blackjack é o máximo!!! Ou então experimente no Facebook que é gratuito e temuma vantagem não existe o perigo de perdermos dinheiro, vicia um bocadinho.. mas basta "desligar" o botão do Pc e acabou-se...

    Bjos!

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  31. Querida Eva obrigada pelo seu testemunho, se estivesse no activo este post e os comentários que o enriqueceram, iriam servir de exemplo na Área de Formação Complementar, dariam um excelente ponto de partida para uma discussão interdisciplinar.
    Beijinhos embrulhados para si!

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  32. Querida D* que bom ler o que uma jovem senhora como a D* pensa do assunto...
    Beijinhos embrulhados para si!

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  33. Querida Carlota, ai,ai,ai, então não querem lá ver que me quer desviar do "bom caminho"Lol.
    " O comer e o coçar, estão no principiar" é por isso que não principio, não sei se conseguiria parar...
    Beijinhos embrulhados para si!

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