quarta-feira, 30 de setembro de 2009

ACASO

Domingo saí da calmaria desta aldeia, onde se situa o meu Refúgio, perto do mar e da serra e chamada pelo meu dever de cidadã, fui até Lisboa, . É raro passar um domingo na capital, sentindo necessidade de aproveitar utilmente o tempo à minha disposição, fui com o meu filho mais velho, à Feira de Discos que está a decorrer no Centro Comercial Vasco da Gama. Encontrei lá ,para além de milhares de autênticas relíquias do passado, ambicionadas por muitos coleccionadores, um alfarrabista. Não resisti! Com livros, sem nunca terem sido lidos,obras saídas há pouco, a 5euros cada, perdi a cabeça e abri os cordões à bolsa. Entre os adquiridos trouxe um de poesia de Jorge Marcel, poeta que me era totalmente desconhecido, para minha surpresa, o livro tinha e tem numa página dobrada num poema que vou transcrever, as restantes páginas estavam, já não estão, como devem ter saído da gráfica.
O porquê de transcrever este poema? Ele traduz o que eu andava a pensar registar por escrito, mas não encontrava as palavras adequadas, o poeta sem o saber, vai falar por mim.

Partirei sem desvendar

"Partirei sem desvendar
o sabor da tua boca
do outro teu por dentro o todo outro
tão diverso
tão murmurado que por fora és
partirei invivida
amigo meu por fora sem saber
se o que disseste foi só imaginar-te
apenas com a ti imaginar
o só o outro em ti
diverso ao qual do quando és comigo
no sem me dar as mãos
e o sumo
e o corpo
o seu longo dizer e o muito mais
que na sensata lâmina da luz
sensato actuado actuas
assim de sombra inútil partirei
inconhecendo
de ti a inviável promessa
sequer imprometida
inavegável sequer ."

Seria o ACASO que me levou até este poema, este poeta, esta feira, este local,...?

terça-feira, 29 de setembro de 2009

MULTILEMAS

Acordei com tanta vontade de preencher bem o dia de hoje que fiquei, quase uma hora na caminha, a pensar nas imensas hipóteses de tarefas.

Vou pintar as paredes do meu quarto?
Vou limpar o pó da sala de jantar?
Vou arrumar a gaveta de cima da cómoda que está numa bagunça total?
Vou arrumar a arrecadação?
Vou arrumar a arca do jardim?
Vou ler para o jardim aproveitando o lindo sol que está a descoberto?
Vou ler para a esplanada do café da aldeia?
Vou até Lisboa ao encontro de alguma das minhas amigas?
Vou ao cinema?
Vou almoçar fora?
Vou telefonar à Cristina e ouvir uma dissertação sem fim sobre a tese de doutoramento que está a elaborar?
Vou mandar um e-mail à Violeta a agradecer os livros que enviou aos meus netos?
Vou escrever à Fátima e dar-lhe respostas às perguntas feitas pelo Natal?
Vou enviar uma catadupa de e-mails, com uma panóplia de assuntos, alguns dos quais de qualidade duvidosa, só para irritar alguém?
Vou acabar o bordado de uns guardanapos que deviam estar prontos há dois anos?
Vou ficar refastelada na minha sala a ler e a ouvir música?
Vou ficar todo o dia em meditação profunda?
..........................................................................

A escolha é tanta que até já estou cansada de tanto pensar.
Ufa! Mas que trabalheira!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

DESPERTAR

Hoje acordei assim! Lindérrima, não vêem? Apaixonei-me pelo meu próprio reflexo. Sinto-me como um Adónis no feminino.
Não se assustem, nem fujam, sou eu mesma, embora um pouco admirada pelo facto da fotógrafa ter desmaiado após ter-me tirado uma foto, a que vai aqui documentada.
Acordo sempre bem disposta! Mas não consigo descortinar porque é que não desperto com aquele ar glamoroso das estrelas de cinema, as quais após uma fantástica noite de amor, estão perfeitamente maquilhadas e têm uma penteado que me faz roer as unhas até ao sabugo.

Conseguem explicar-me o que é que elas têm mais do que eu? Eu que até durmo como, não com, um anjo ou será uma "anja"?

domingo, 27 de setembro de 2009

DOÇURA OU DIABRURA I

Faça a seguinte experiência: pergunte agora mesmo, seja a quem for, o que é o sexo.
Esse alguém foi capaz de o definir?
É capaz de "o" definir?

sábado, 26 de setembro de 2009

NEM CARA, NEM COROA

Quando se gira uma moeda, como se de um pião se tratasse, existem probabilidades de ela parar apoiada na sua espessura, não sai cara nem coroa. É este esquinar que eu procuro no ser real e no ser imaginário que perturba a lógica do meu pensamento.
O ser imaginário é culto, educado, gentil, orgulhoso, rezingão, teimoso, sedutor, idealista, conservador, leal, introvertido, magoado, com um sentido de humor muito pessoal que encanta e faz sorrir. O ser real é grosseiro, voyeur, manipulador, dissimulado, agressivo, cobarde, perigosamente introvertido, cruel e as provas da sua cultura são muito trabalhadas, muito coladas de escritos já elaborados por terceiros. A descrição do primeiro é-me ditada pelo coração, a descrição do segundo pela razão.
Não quero aceitar nem uma nem outra, quero acreditar no esquinar da moeda. Preciso de acreditar no esquinar da moeda!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

LEMBRANÇAS DO MEU AMOR

Uma certa paz invadiu-me, apossou-se de mim e isso dá-me um prazer que não sei descrever. É noite lá fora, oiço o ladrar dos cães, aqui dentro nesta sala do meu Refúgio, com muitas velas acesas (sempre tive uma grande atracção por velas), ouvindo Divenire de Ludovico Einaudi, num ambiente de paz e conforto, recordando épocas passadas em que nada parecia poder perturbar o amor que me envolvia.
O que é o AMOR? Não sei! Só sei o que senti pelo pai dos meus filhos, pelo meu homem, o homem que nos últimos dezoito anos me tornou tão infeliz. Estou saudosa do que fomos um para o outro, mas a sua "amante", uma doença do foro psíquico, foi mais poderosa do que eu.
Apaixonei-me por ser gentil, ter um humor muito subtil, ser reservado, ter umas mãos lindas e uns olhos límpidos que deixavam ver através deles. Senti que era adorada e admirada, deixei-me adorar e devolvi essa adoração. Com ele conheci o prazer do sexo, de tal modo que ainda hoje penso que só voltaria a envolver-me sexualmente com outro homem se sentisse algo semelhante ao que senti pelo João.
Os horários dele não eram muito fixos mas quando estava prestes a chegar eu sentia-o, que sensação tão maravilhosa era o seu abraço, o seu beijo de chegada, o seu cheiro, o roçar da sua barba, o seu bafo no meu pescoço, a sua boca de lábios carnudos, as suas mãos que tão bem sabiam acariciar. No dia a dia, a troca de olhares que fazia surgir um sorriso nos lábios, a cumplicidade nos toques discretos ao passarmos um pelo outro, o adivinharmos o que o outro ia dizer...Tudo sabia a golfadas de felicidade, de bem-estar! Sob forte chuvada, debaixo de um único chapéu, como era saboroso sentir o seu corpo bem juntinho ao meu e um beijo rápido para não ser observado pelos outros transeuntes. Em público sempre fomos parcos nas provas de afecto.
Corrermos lado a lado e eu sempre mais lesta, ultrapassando-o, virando-me para trás, correndo de costas, ele gritando : "és louca, estás ensinando o caminho ao diabo, não o tentes se não ainda te magoas..."
Fazermos amor ao cair da tarde, adormecermos e acordarmos a meio da noite, com fome de comida por não termos jantado, improvisá-la e rirmos, rirmos descontrolados por trocarmos tempos....Olharmo-nos e rirmo-nos sem saber porquê.
Observarmo-nos ao espelho com uma luz difusa e acharmo-nos lindos....
Vermos televisão aconchegadinhos, por vezes com a cabeça repousada no colo do outro, afagando os cabelos. As cócegas que eu tinha, as fugas que fazia para fugir delas. Como se ria quando eu corava, com as palavras ou convites, mais ousados, que me sussurrava ao ouvido. Como se divertia por me ver corar.
Como me acariciava e beijava o ventre, falando com os filhos ainda por nascer.
Como era bom passearmos pelo campo sentindo o cheiro da terra molhada e falando nisso.
Quantas vezes, e já com filhos, durante o dia pensava nele e desejava o momento em que chegaria. E quando chegava bravo, cheio de problemas, prestes a explodir, e eu lhe dizia com um sorriso nos lábios e os olhos arregalados: "Conta até 3! Não! É melhor contares até 10!". Ele sorria e juntinhos no quarto ou na sala ouvia atentamente as suas queixas e tentava minimizar os seus problemas ou ajudá-lo a encontrar um caminho para a busca de solução.
O dormir de cadeirinha e acordar na mesma posição ainda que voltados para o outro lado da cama. O desejo a meio da noite que levava um ou outro a perguntar: "Estás acordado/a?" Ambos sempre tão disponíveis!
E quando nos zangávamos, como era maravilhosa a reconciliação! O conhecimento profundo do corpo do outro, conhecimento feito a pouco e pouco, num passo a passo lento no tempo.
O início sereno do jogo amoroso, as palavras sussurradas, as risadinhas, o crescendo no avanço das carícias e o deleite.
O após deleite !!!!!!
Muito mais poderia dizer sobre o que os meus sentidos gravaram mas não penso ser aqui o local, nem o tempo certo.
De uma coisa eu tenho a certeza: como pessoas éramos o dia e a noite. Eu alegre, bem disposta, positiva, extrovertida com facilidade em fazer amigos e conhecidos. Ele triste, negativo, rezingão, introvertido e com poucos amigos.
Que feliz que fui por ter partilhado parte da minha vida com o João, meu marido, meu homem, meu amante, meu companheiro, meu cúmplice e meu amigo.

O que senti e descrevi foi AMOR? Alguém sabe responder-me?

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

DESPEDIDA

DESPEDIDA

Andando a arrumar papéis, o que é sempre um grande frete, encontrei o seguinte poema, escrito num pedaço de papel com a minha letra, mas sem indicação do autor ou autora:
Poema de despedida
Não saberei nunca
dizer adeus

Afinal,
só os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo
só nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tenho
o mago invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
A memória trai-nos, não me lembro de o ter registado mas hoje ao lê-lo, tal como deve ter acontecido num tempo passado, sentiu-o no meu profundo EU.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

MÃE DE ANTIGAMENTE



Coisas que nossas mães diziam e faziam...
Era uma forma, hoje condenada pelos educadores e psicólogos, mas funcionou com alguns de nós.

A minha mãe ensinou-me :
-a VALORIZAR O SORRISO..." responde-me de novo e eu parto-te os dentes!"
-a RECTIDÃO..."eu endireito-te nem que seja à pancada!"
-a DAR VALOR AO TRABALHO DOS OUTROS... " se tu e o teu irmão se querem matar, vão lá para fora, acabei de limpar a casa!"
-a LÓGICA E A HIERARQUIA... "porque eu digo que é assim! Ponto final! Afinal quem manda aqui?
-a MOTIVAÇÃO... "continua a chorar que eu vou dar-te uma razão real para o fazeres!"
-a CONTRADIÇÃO..."fecha a boca e come!"
-a ANTECIPAÇÃO..."espera que o teu pai chegue a casa!"
-a PACIÊNCIA..."calma! Quando chegarmos a casa vais ver!"
-a ENFRENTAR DESAFIOS..."olha para mim! Responde-me quando eu te fizer uma pergunta!"
-o RACIOCÍNIO LÓGICO..." se caíres dessa árvore, quebras a cabeça e eu dou-te uma tareia!"
-a MEDICINA..."pára de entortares os olhos! Se apanhares vento ficas com os olhos vesgos para sempre!"
-o REINO ANIMAL..."se não comeres esses vegetais, os bichos da barriga comem-te!"
-o SEXO..."e como achas que nasceste?"
-a GENÉTICA... " és igualzinha ao teu pai!"
-as RAÍZES..."estás pensando que nasceste numa família rica?"
-a SABEDORIA DA IDADE..."quando tiveres a minha idade vais entender!"
-a JUSTIÇA..." um dia terás os teus filhos, eu espero que eles te façam o mesmo que me fazes! Vais ver o que é bom!"
-a RELIGIÃO..." é melhor rezares para que essa mancha saia do tapete!"
-o BEIJO À ESQUIMÓ..." se escreveres de novo na parede eu esfrego-te lá o nariz!"
-o CONTORCIONISMO..." vê a tua orelha! Que nojo!"
-a DETERMINAÇÃO..." vais ficar aí sentada até comeres a sopa toda!"
-a ser VENTRÍLOQUA..."não resmungues! Cala a boca e diz-me porque é que fizeste isto?"
-a ser OBJECTIVA..."eu endireito-te com uma só bofetada!"
-a ESCUTAR..." se não baixares o volume da música, vou aí e parto o rádio!"
-a TER GOSTO PELOS ESTUDOS..." se for aí e ainda não tiveres acabado os trabalhos de casa, já sabes!"
-a COORDENAÇÃO MOTORA..."junta imediatamente todos esses brinquedos! Pega um por um!"
-os NÚMEROS..."vou contar até dez e se esse livro não aparecer levas uma tareia!"
Adaptei este texto de outro que me foi enviado por uma amiga brasileira, que exerce a profissão de psicóloga. Motivou bastante discussão e muito divertimento!
Obrigada querida Eliane!

OBRIGADA MÃE! NÃO FOSTE EXACTAMENTE ASSIM MAS FIZESTE E DISSESTE COISAS MUITO SEMELHANTES!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O ESQUELETO

Na sequência do dente só podiam ser os ossos todos

O texto que se segue foi escrito por mim a 2 de Março de 2009, fazendo parte do meu " O VOO DAS PALAVRAS".

Que dia divertido, não só por me lembrar o dia do nascimento, há 117 anos, da minha avó materna , mas pela tarde que passei com a Ana Rita. A tarde não! Estaria a mentir, o trabalho executado nesta tarde.
Durante largos meses do ano passado eu e a Ana, alternadamente, fomos comprando uns fascículos que traziam peças de um esqueleto para montar. Esqueleto esse que seria oferecido ao meu neto mais velho, quando ele entrasse para o 1º ano, facto que veio a acontecer em Setembro. Ele é um menino um pouco introvertido mas, muito curioso em relação ao seu corpo e às Ciências da Natureza em geral. Como boa pedagoga que sempre fui, decidi que a montagem do dito, fosse feita por ele com a minha ajuda.
Algures num malfadado dia dei início à "obra". Horror dos horrores, a irmã também quis ajudar, depois de várias tentativas falhadas e demoradas que conduziram somente à colocação dos dentes nos maxilares, confesso com vergonha que desisti, o que é absolutamente anormal, desistir não faz parte do modo como enfrento as dificuldades.
Os dias, as semanas, os meses foram passando até que hoje, motivada com a ameaça da Ana que, proclamava bem alto, lhe apetecia deitar "aquilo" tudo fora, mesmo tendo custado a módica (???) quantia de mais de 200 euros, decidi-me "hoje ou nunca" mas com ajuda sem ser de criancinha.
Dito e feito depois do almoço as duas deitámos mãos à obra! E que obra!
Aqui começa o "começo", levámos três horas a rir! A montagem da parte óssea foi mais ou menos bem sucedida, os órgãos my God, nunca tinha visto tantos e tantas vezes pelo ar. Da bexiga nem se fala, não queria entrar no sítio certo, nem espremida, os intestinos depois de encaixados desencaixavam e ficávamos com o intestino delgado para um lado e o intestino grosso para outro. Os disparates que dissemos foram duma comicidade só vista, sentida e ouvida, rimo-nos tanto mas tanto, que não sei como não molhámos as cuequinhas, situação falada que deu origem a mais risadas.
Quando o "monstrinho" ficou apenas nas minhas mãos, para lhe encaixar a bacia, o que fiz confesso, usando um martelo, estava farta de andar à caça de vísceras, a Ana começou a folhear alguns fascículos e na sua douta sabedoria sobre o tema sexualidade, achou que o dedicado aos órgãos genitais era pornográfico, muito me ri!!!
Quando dei o meu labor por findo, a minha filha com muita ênfase, alto e bom som, leu o que vinha escrito no fim das instruções de montagem:"Desejamos que te tenhas divertido a montar o Corpo Humano e que tenhas aprendido muitas coisas com ele". Foi o fim da picada, consegui praguejar, logo eu que "odeio" quem pragueja.
Surgiu-nos então um pequenino problema: Como levar o simpático (?) corpinho para casa dela, um corpinho com 1m e 25cm de altura? Depois de alguma discussão ficou decidido, vai no meu carro mas não hoje, o que quer dizer que tenho este simpático senhor, todo descarnadinho, na minha sala de jantar.
Uma trovoada, seguida de uma forte chuvada, livrou-me de mais trabalhos, as criaturinhas pequenas não puderam vir ver o lindérrimo trabalho realizado. Ufa! Ainda bem! Teria um "fanicoque faniqueiro" se voltasse a ver órgãos voando pela minha sempre arrumada sala de jantar.

Montar outro corpo humano jamais ( lido à francesa)!

Nota: Actualmente o Senhor Tomás está sem as vísceras abdominais, e há um "suspense" imenso, será que dou o dito por não dito e volte à operação de remontagem? Cá entre nós, vou esperar mais uns aninhos, entretanto o J. cresce e até lá aprende a montá-lo! Saida elegante?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

IMPLANTE

Disse que ia começar a semana em grande estilo e comecei, troquei o molar nojento que vêem na figura por um implante.
Sou cuidadosa com a minha higiene dental, mas não é que este maroto, bem remendado há um ror de anos, desvitalizado, sem "buracos" aparentes, decidiu que era altura de partir sem me dar cavaco.
Nesta última consulta de rotina, inesperadamente, o meu dentista observou-o negrinho, já roxo, por não poder "respirar" convenientemente, e teve que o trazer para a luz do dia e assistir ao seu último estrebuchar, sem direito a despedida, sem se poderem verter lágrimas verdadeiras, só de crocodilo...
Restou-me trazê-lo para recordação, num bauzinho que é costume dar às crianças, com os respectivos dentinhos caídos graças à fada dos dentes.
Se a semana continua assim emigro para a Conchinchina...

domingo, 20 de setembro de 2009

DESAFIO

Cheguei de fim de semana pronta a descrevê-lo, vou adiar essa descrição porque encontrei um desafio à minha espera, um senhor DESAFIO...

Este, foi-me feito pela "Quase nos 50" que parece que até me conhece bem, nunca fujo a uma situação destas.
Suponho que a finalidade é dar-nos a conhecer um pouco mais a quem nos lê e nos quer conhecer melhor.
Não conheço as regras mas vou seguir na integra os diferentes "verbos" usados pela "quase nos 50".

Preparar! Avançar...

Eu quero... poder continuar a sorrir com os lábios e com os olhos
Eu tenho ... um carinho muito especial pelas crianças em geral
Eu acho... que o euro milhões só sai aos outros
Eu odeio... a mentira
Eu sinto saudades ... de embalar um bebé
Eu escuto... o que os outros têm para me dizer
Eu cheiro... o ar que respiro
Eu imploro... nunca ter que implorar
Eu procuro... não prejudicar ninguém
Eu arrependo-me... de não ter amado alguém que muito me amou
Eu amo... a vida e tudo o que ela contém
Eu sinto dor... quando alguém me desilude
Eu sinto falta... de um ombro forte onde me apoiar
Eu importo-me... com a falta de humanidade que grassa pelo Mundo
Eu sempre fui... fiel aos meus princípios
Eu não fico... de braços cruzados à espera que as "coisas" cheguem até mim
Eu preciso... de me sentir só de vez em quando
Eu acredito... num futuro melhor para os meus netos
Eu danço... em sonhos muitas vezes
Eu canto... de um modo muito desafinado
Eu conto... chegar ao dia seguinte
Eu choro... muito raramente (infelizmente)
Eu falho... algumas vezes
Eu luto... contra a vontade de "estrangular" determinadas pessoas
Eu escrevo... porque me dá prazer
Eu ganho... experiência com os meus erros
Eu perco... a cabeça com as injustiças
Eu nunca... matei ninguém
Eu confundo-me ... com a hipocrisia
Eu estou... um pouco inquieta porque amanhã vou colocar um implante dentário
Eu sou... uma pessoa muito extrovertida
Eu fico feliz quando... vejo os outros felizes e não só...
Eu tenho esperança... em ver milhares de coisas acontecerem
Eu deveria... ter um pouco mais de juízo e não me expor tanto.

Agora chegou a altura de ser eu a desafiar todos os que quiserem aceitar este desafio mas em especial:

Ana Rita Gomes ( pintado de fresco)
S* (As minhas pequenas coisas)
Tio do Algarve (portuguese way)
CO2 (Escape)
Demóstenes (Loquaz falacioso)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

FIM DE SEMANA


Façam como eu, agarrem numa pequena maleta, metam lá para dentro, sem perder tempo com muitos cuidados, os artigos indispensáveis e... partam sem destino, mas cá dentro, o tempo é de contenção nas despesas.
Recordem o anúncio tão badalado: "UM PORTUGAL DESCONHECIDO ESPERA POR SI!"
Para a semana cá estarei, vou começá-la como vos desejo a todos!!!!

A FALTA DE UM "O"

Num dia de tempos passados, já um pouco distantes, a minha prima Maria Georgina, na altura uma encantadora criancinha com cerca de 10 anitos, sardenta, com um cabelo sempre espetado, muito senhora de si, foi às compras com a mãe. Quando regressou de tão "fatigante" mas "fantástica" tarde, apressou-se a descrever à nossa tia-avó Maria Teresa, senhora sem filhos, "adoradora" de crianças, com uma forma de lidar connosco que nos fazia sentir ainda mais amadas do que já éramos pela nossa família, o que tinham comprado.
Num entusiasmo que só uma criança consegue demonstrar, estabeleceu o seguinte diálogo:
MG: Tia "truxe" este blusão está a ver!
MT: "Truxe" não trouxe!
MG: E "truxe" estes lenços com um G bordado
MT: "Truxe" não trouxe!
. (.............................................................................)
Este diálogo prolongou-se mais um pouco nestes moldes.
Impaciente com a insistência e falta de compreensão da adulta, neste caso a nossa querida e paciente tia, a minha prima enfurecida e batendo com um pezinho no chão gritou, alto e bom som, para que todos os presentes ouvissem bem: "TRUXE", "TRUXE" PORQUE FUI EU QUE "TRUXE" NÂO FOI A TIA!

"Pobre" criança como se deve ter sentido injustiçada na altura! Isto dos adultos quererem "emendar" as crianças sem se exprimirem bem, tem que se lhe diga, ó se tem...

Nota: Actualmente esta minha prima é uma encantadora bisavó e já há muito que aprendeu a dizer TROUXE!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

AMOR É...

Estou no meu Refúgio, triste e inquieta com o fim de uma linda história de amor, que está a ser conspurcada por acusações que me revoltam. Estou presente em espírito, calma, mas fisicamente só, de certa forma a tentar minimizar mais uma situação que me envolve e que me preocupa. Não é hora de eu agir, é hora de deixar as partes envolvidas sem nada que os desvie do caminho que devem trilhar. Nesta situação eu serei um posto de retaguarda. A minha presença física perto, poderia ser prejudicial, pena que outros, também responsáveis, não pensem do mesmo modo.
Muitas vezes não concordo com o P., todos dizem que somos muito parecidos no "estar na vida", nem tanto assim, suponho eu, sou mais teimosa mas, simultâneamente, mais doce. Sou chata até dizer a mim mesma: basta! Movo céus e terra para atingir o meu fim, mas com as devidas precauções para não prejudicar familiar e/ou profissionalmente o alvo do meu ataque. O P. leva tudo à frente, talvez a diferença esteja na geração que nos separa.
Estou sofrendo por ele, porque o amo, tenho orgulho nele porque está a saber-se controlar e a proceder como um homem educado, sem sede de vingança, sinto que aprendeu alguma coisa comigo.
A vida dá voltas, reviravoltas e volta tudo ao princípio, o sofrimento porque está a passar nunca foi previsto por mim, nem por ninguém, logo eu que me gabo de conhecer bem quem me rodeia.

Há muito pouco tempo, a Joana, uma jovem senhora, de uma sensibilidade impressionante, de uma "ingenuidade" que nos arrebata, de uma inteligência que nos espanta, pediu para se dar continuidade, em poucas palavras a: "o amor é...". A minha resposta foi:"Amor é conseguir comunicar sem pronunciar palavras, ser cúmplice, sentir o cheiro sem estar perto, oferecer lealdade, saber confiar, aceitar defeitos, louvar virtudes, andar de mãos dadas, abraçar com espontaneidade, acariciar e desejar um corpo, olhar o mundo e vê-lo colorido, deslizar na vida ao sabor de um tango, rodopiar num salão ao som de uma valsa, planar no espaço como uma folha levada pelo vento, flutuar como um nenúfar na água de um lago , saber ver a luz de um pirilampo numa noite tépida de verão, conseguir ouvir o canto de uma cigarra, escutar o riso de uma criança,......amar é quase tudo o que de bom a vida tem."

Esta resposta foi dada por escrito, num ápice, sem pensar, só a sentir....
Eu sei que a vida tem espinhos, se tem! Há que saber arrancá-los e não se desistir, há que lutar por aquilo em que se acredita. A vida tem que ser desmisticada mas simultâneamente adoçada.
Espero que o meu rapaz/ homem consiga superar com muita suavidade a fase má em que se encontra.....

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

AMANTE

Numa tarde quente deste verão, mais precisamente no dia em que completava mais um ano de vida terrena, em volta de uma mesa, com duas amigas, saboreando apetecíveis e deliciosas tentações geladas, surgiu na amena cavaqueira a palavra amante. Eu amo esta palavra, sou amante de “amante”. Fui contestada, esta contestação apoiava-se na carga pejorativa que ,nos dias de hoje, carrega. Não me convenceram, continuo a amar “amante”.
Porquê esta fixação numa palavra que até levou a uma “discussão” entre amigas?

AMANTE é alguém que ama, que sente amor por outro, que é apaixonado, que é enamorado. Haverá outra palavra, no campo das emoções, que tenha um significado mais romântico? Talvez exista mas a mim não me ocorre.

Daniel Sampaio na sua obra “A razão dos avós” a dada altura escreve: “(…) uma amiga minha diz (ao comparar as avós de antigamente com as actuais) que não há comparação, porque as avós de hoje têm amantes e não estão em casa à espera dos maridos(…)." Nada de falsas interpretações, ela não diz que têm ao mesmo tempo um marido e outro homem que amam, não se aplicando aqui o sentido pejorativo do termo.
A minha citação anterior, vem ao encontro de um desejo muito meu, muito íntimo que vou partilhar convosco, gostava de ter um amante. Que bom seria ter um ombro onde apoiar a minha cabeça, uns braços que me envolvessem num amplexo pleno de ternura, de amor e de desejo. Embora já seja avó, primeiro sou mulher, mulher sonhadora, mulher romântica e atenção …sou viúva.

Na minha essência sou uma amante intemporal e “infiel” amo as crianças, as flores, os livros, os animais, os sabores, os cheiros, os sons,….e por vezes, até aqueles que não merecem ou não querem ser amados.

AMO INCOMENSURAVELMENTE A VIDA!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O FALO DO PRIAPOS versus O FALO DO BORDALO

O falo do Priapos
Há muitos, muitos anos, reza a História, Dionísio ao chegar vitorioso de várias batalhas que travou nas Índias, foi recebido apaixonadamente por Afrodite, dessa "comemoração calorosa" nasceu Priapos. Mas, há sempre um mas, nas histórias de amor, Hera cheia de ciúmes, fez não me perguntem como, um determinado "trabalhinho" para que a criança nascesse deformada, como resultado, Priapos tornou-se dono de um pénis de um tamanho muitíssimo exagerado. A mãe, não sei se contente ou descontente, mandou-o estudar em Lampasaco e aqui, devido à sua libertinagem ( coitado!) tornou-se um símbolo de terror e de repulsa, no entanto uma epidemia abateu-se sobre a população local e de imediato, todos pensaram que eram culpados dessa calamidade, pois tinham ostracizado um deus, para minimizar esse efeito nefasto, passaram a adorá-lo, considerando-o deus da fertilidade ( só podia!)

O falo de Bordalo
O falo do nosso grande Bordalo tem uma origem totalmente diferente. Bordalo é (foi) um mortal que nasceu no séc.XIX, mais precisamente em 1846, o seu falo é muito novinho, foi moldado pelas suas mãos, é artesanal, ainda não viveu o tempo suficiente para se tornar grande e consequentemente histórico, não justifica sequer a passagem de um paquete pelas Caldas, sairia caríssimo ao erário público, pois ter-se-ia que abrir um canal de passagem, qualquer coisa como o Canal de Corinto. É evidente que tem o seu valor como todas as coisas artísticas, como todas as que estão em fase de crescimento, daqui por uns milhares de anos os turcos virão certamente apreciá-lo mas sem precisarem de navio. Jamais se pode é dizer que a história ( recuso-me a escrever estória) das Caldas tem carraças, pulgas, piolhos ou afins, isso é insultar o nosso património cultural e esse sim merece muito respeito.

As conclusões a tirar sobre as semelhanças e as diferenças, entre os dois falos citados, ficam como "trabalho de casa" para aqueles que têm paciência para me ler.
E por favor, não me batam se disse algo errado, não sou historiadora...

Nota: Se por acaso algum dos leitores de hoje, me visita pela 1ª vez, tome em atenção que o post de hoje está a dar continuidade ao de ontem, e que foi escrito propositadamente, para dar resposta a um comentador anónimo ( embora eu lhe veja a pontinha do rabinho )

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

SÍMBOLO FÁLICO

Priapos (Priapus) ou o Deus Bes é representado como se vê na fotografia em anexo.
É sem dúvida alguma, um notável símbolo da cidade de Éfeso, feito em argila cozida em forno, foi encontrado durante as escavações junto do Bordel e simboliza a fertilidade masculina. Há historiadores que também o citam como protector dos jardins, das hortas e dos rebanhos.

Encontram-se réplicas em todo o lado, nas lojas, nos vendedores ambulantes, como decoração,...
Tudo o que é "demasiado" pode enjoar? Quem se atreve a dar uma resposta?

domingo, 13 de setembro de 2009

A BIBLIOTECA E O BORDEL

Biblioteca de Celsus

A cidade de Éfeso na Turquia, ou o que resta desta cidade da Antiguidade, tem vindo a sair das trevas causadas pela deposição de camadas sucessivas de solo , acumuladas através de milhares de anos. Esta cidade ocupava ou melhor, continua a ocupar, uma área vastíssima, estando actualmente, apenas cerca de 15% a descoberto, as escavações arqueológicas continuam e vão continuar por muito, mas mesmo muito, mais tempo.
Numa das extremidades da Rua de Curetes encontra-se o que resta da Biblioteca de Celsus construída nos inícios do séc.II DC, e muito perto dela encontramos os restos arqueológicos do Bordel, construído no séc. IV DC, situado na Rua do Mármore que faz ângulo recto, para a direita, com a Rua de Curetes.
O Bordel tinha um controlo muito rigoroso na manutenção da limpeza dos seus frequentadores, alguns historiadores dizem mesmo que esse aspecto sanitário era muito superior ao dos bordéis do séc. XX. Os homens que o frequentavam tinham que lavar e limpar os pés, as mãos e o restante corpo e só depois podiam entrar na sala grande. Este tipo de casa era dedicada a Afrodite (Venera) e estava decorada com inúmeras estátuas, em mármore branco, a representar esta deusa, algumas delas ainda hoje perduram. No pavimento da Rua de Mármore podemos observar gravada numa laje, a sola de um pé descalço feminino e o desenho de uma mulher, indicadores do caminho que se devia seguir para a entrada do bordel.

Nesta altura, quem me lê interroga-se: Porque é que esta ???( deixo a escolha do nome que me querem chamar à imaginação do leitor) juntou a Biblioteca ao Bordel no mesmo texto?
Aqui vai a minha resposta: nas escavações recentes, foi encontrada uma passagem secreta entre a Biblioteca e o Bordel...E esta hein? Como diria o nosso saudoso Fernando Pessa

Agora chegou o momento de cada um construir um "filme" que estiver mais de acordo com a sua maneira de pensar, o meu, se querem saber, mesmo que não queiram, cá vai, é o seguinte:
Um homem da época diz para a mulher : "querida vou até à Biblioteca consultar uma nova edição sobre A Educação escrita por Aristóteles ( um pouco desfasado da época a que me reporto, mas isto é a tradução do meu pensamento, que é intemporal) "
A mulher , fada do lar, esposa exemplar e mãe extremosa, responde docemente:"Muito bem meu amor , boa leitura, depois falamos sobre o que leste, não podemos esquecer que os nossos filhos têm que ser bem educados"
No regresso da Biblioteca (???) o marido diz: "Aristóteles é (foi) um génio! Depois de muito meditar ele registou o seguinte pensamento :"A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces"."
A mulher bate palminhas, feliz por ter aprendido uma citação que vai poder-lhe ocupar muitos dias, como tema de conversa com outras matriarcas.


Conclusão minha: a edição era "nova" lá isso devia ser, o tempo de demora correspondia ao tempo de "meditação", as "raízes amargas" eram a lavagem forçada, "os frutos doces", não sabem o que eram? Não sejam puritanos, todos sabemos o que é que o homem do meu "filme" colheu...

sábado, 12 de setembro de 2009

CAGATÓRIO

Com este pequeno apontamento estou a iniciar a distribuição dos beijinhos embrulhados que trouxe para os amigos, os conhecidos, os seguidores e os menos amigos. A família já foi agraciada.

Cagatório público foi o termo usado pela guia turca, que falava espanhol, quando nos mostrou as latrinas (sanitas) públicas usadas pelos habitantes de Éfeso, durante a visita que fizemos aos vestígios grandiosos desta antiga cidade da qual não se sabe a idade, sabe-se sim que 2 000 anos A.C. já existia. A nossa curiosidade levou-nos a perguntar o termo usado em língua turca e soubemos que se escreve "hella" e se pronuncia com um "h" bem expirado.
Os meus netos ficaram deliciados com o termo e eu um pouco preocupada, estou com medo de ser chamada aos respectivos locais de ensino, frequentados por eles, acusada de ser uma "desviadora" de menores. Riscos que uma avó tem que aceitar do alto da sua proveta idade, podendo sempre defender-se jurando, sem fazer "figas", que está a ficar senil.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

REGRESSO



Este velho "navegador" levou-me até à Turquia, a algumas ilhas gregas e.... trouxe-me de regresso ao lar, à família, aos amigos,....


Consequentemente, cá estou eu, com a convicção de que vou alternar a minha estada entre Lisboa e o meu Refúgio, durante uns tempos que suponho virem a ser longos.
Gostei da viagem mas não tanto como pensava. Tirando para longe da memória, dois dias em que fui obrigada a balançar como um velho marujo embriagado, uma noite em que Neptuno se atreveu a embalar-me, com tanta violência, que tudo o que não estava fixo no camarote rolava , uma hora em que o "meu cavalo marinho" parou, repentinamente, em pleno Mar Mediterrâneo, com avaria no gerador, ter conhecimento e contacto com a presença desajustada de cerca de uma dezena de adolescentes que "pintaram a manta", sentir o cheiro a queimado enquanto tomava duche, atribuído ao fumo de um cigarro que alguém desobediente às regras fumou noutro camarote, a viagem foi um caminho coberto de rosas, mas rosas com alguns espinhos...
A minha mala engravidou, juro que não sei como, vigiei-a bem e não a deixei aproximar-se de nenhum malão mas...quando aportei a Lisboa deu-se o parto e então descobri! Foi uma gravidez provocada pelo uso de determinados cartões e pequenos pedaços de papel e dela, para além do que é normal sair de uma mala de viagem, também emergiram imensos beijinhos embrulhados. Alguns já foram distribuídos pelos faróis da minha vida, como diz um amigo meu, os restantes irão sendo entregues a pouco e pouco...